Os cavalos domésticos descendem todos de cavalos selvagens do Cáucaso

Os estudos arqueológicos dizem-nos que há entre 4000 e 6000 anos atrás já havia cavalos domesticados em várias regiões da Eurásia — nas estepes da Ásia Central, na Anatólia, na Sibéria e também aqui na Península Ibérica. No entanto, apesar da domesticação de cavalos selvagens ter começado em vários locais, novos dados genéticos mostram que os atuais cavalos domésticos são todos descendentes de cavalos das estepes entre o Mar Negro e o Mar Cáspio. Estes eram cavalos mais dóceis e tinham uma coluna vertebral mais forte do que os outros, o que pode ter sido importante numa altura em que as carroças se estavam a tornar mais comuns na Ásia. Estes cavalos dispersaram-se a partir desta zona e em pouco tempo tornaram-se os cavalos mais comuns desde o Atlântico até à Mongólia.

Cavalos nas estepes (crédito: Ken and Nyetta, CC BY 2.0)

Há algum tempo que vários investigadores têm tentado perceber qual a relação entre as várias populações de cavalos que existiam antigamente na Eurásia e cavalos de hoje em dia. Mas nenhuma investigação indicava qual ou quais eram os “antepassados” dos cavalos modernos.

Recentemente, uma equipa internacional com 162 investigadores de diferentes áreas — arqueologia, paleogenética e linguística — resolveu alargar o estudo. Em vez de só estudar vestígios de cavalos que viveram há 4000-6000 anos, decidiram estudar os vestígios de todas os vestígios que existem de cavalos que viveram em toda a Eurásia entre 50,000 e 200 anos AC.

Os investigadores estudaram o genoma — material genético total — destes 273 cavalos compararam-nos com genomas dos cavalos modernos. Este tipo de estudos permite deduzir como eram os cavalos ancestrais, quais destes podem ter dado origem aos cavalos atuais, e que mudanças ocorreram ao longo do tempo.

Os resultados foram claros: há milhares de anos havia populações distintas de cavalos em diferentes locais da Eurásia, mas a população que vivia nas estepes no norte do Cáucaso começou a dispersar-se há 4000-4200 anos e a substituir outras populações desde o Atlântico até à Mongólia. Além disso, o seu número aumentou brutalmente nos últimos 100,000 anos — o que possivelmente foi resultado da sua criação pelos humanos.

A análise das variantes genéticas destes cavalos do  norte do Cáucaso dá pistas sobre o que os tornava diferentes. Estes cavalos tinham duas variantes de genes que os tornaria mais dóceis, mais resilientes ao stress e uma coluna dorsal mais forte, duas características que parecem muito interessantes em selecionar em animais a domesticar. 

Por coincidência, ou não, estes cavalos surgiram na Ásia ao mesmo tempo que as carroças  e que as línguas indo-iranianas. Talvez tenham viajado todos juntos.

Carruagem de corrida — fresco (crédito: Ilya Shurygin – ancientrome.ru, CC BY-SA 4.0)

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