Os lobos da Noruega

Os lobos chegaram à Noruega há dez a doze mil anos, mas há cerca de 50 anos os humanos levaram-nos à extinção. Quando, na década de 1980 voltaram a aparecer lobos nessa região, houve quem pensasse que a população de lobos noruegueses tivesse, de alguma forma, recuperado. Infelizmente, não. Um recente estudo genético mostra que os cerca de 400 lobos que vivem atualmente na região fronteira entre a Suécia e Noruega são na verdade descendentes recentes de lobos finlandeses. E, o pior é que, estes lobos estão também em risco de desaparecimento.

Per-Harald Olsen, NTNU

As dúvidas levantadas pelo desaparecimento e reaparecimento de lobos levaram o parlamento norueguês em 2016 a encomendar um estudo sobre a origem dos lobos que vivem na nesta região. O trabalho foi liderado por cientistas da Norwegian University of Science and Technology (NUST) em colaboração com cientistas de outras 35 instituições europeias.

Os investigadores analisaram o genoma, ou seja todo o ADN, de 1300 lobos — lobos da população sueco-norueguesa, lobos de outras populações do mundo, lobos que vivem em jardins zoológicos, e também de antigos exemplares de museu. Isto permitiu determinar as relações entre as várias populações de lobo do mundo e também compará-las com populações que existiram no passado. Os investigadores incluíram também na análise 56 raças de cães. Como os lobos e os cães são tão próximos que se podem cruzar entre si, juntar cães ao estudo permitiria quantificar o cruzamento entre cães e lobos.

O estudo confirmou que a população que existia nesta região até meados de século passado se extinguiu. Os poucos descendentes atuais desta população antiga são lobos que vivem em jardins zoológicos.

A população atual é descendente de lobos do sudoeste da Finlândia — os mais próximos, de acordo com a análise genética—, e que são descendentes de um pequeno grupo de “lobos imigrantes”. Além disso, esta população sueco-norueguesa tem pouca variabilidade genética e um elevado nível de consanguinidade. Nem uma coisa nem outra são boas notícias para esta pequena população de lobos. Hans K. Stenoien, o líder do projeto, considera que “Geneticamente, esta população tem uma maior probabilidade de extinção do que outros lobos Europeus”.

Nem tudo é desanimador. Curiosamente, a análise genética mostra também que, de todos os lobos do mundo, os lobos sueco-noruegueses são os que menos se têm cruzado com cães. Em termos de conservação das populações de lobos, esta é uma boa notícia.

Para alertar para a importância da conservação das populações de lobo, a NUST preparou uma exposição a que chamou “Ulv! Ulv!, — uivos em norueguês, que nós poderíamos traduzir muito livremente por “Aúú! Aúú!”.

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